A Federação Académica do Instituto Politécnico de Lisboa (FAIPL) divulgou, por ocasião do Dia Nacional do Estudante, o Estudo sobre as Condições das Escolas do IPL, um trabalho inédito que dá voz às preocupações dos estudantes relativamente ao estado das infraestruturas das oito unidades organicas do Politécnico de Lisboa.
O estudo, que contou com a participação de 1.415 estudantes, foi construído com base num inquérito online que avaliou aspetos físicos fundamentais do ambiente académico, como a conservação dos edifícios, os equipamentos das salas de aula, a qualidade das casas de banho, o acesso à internet, os espaços verdes, as condições da cantina e a acessibilidade.
Os dados obtidos permitem traçar um retrato claro e, em muitos casos, alarmante: os estudantes classificam, maioritariamente, as condições das escolas como “más” a “razoáveis”, com avaliações predominantemente entre os níveis 2 e 3 numa escala de 1 a 5. As falhas apontadas são transversais a todas as escolas e incluem problemas estruturais, falta de conforto térmico, casas de banho degradadas, falhas no acesso à internet e falta de espaços adequados para estudar e conviver.
Principais conclusões do estudo:
- Infiltrações, humidade e bolor estão entre os problemas mais mencionados em quase todas as escolas;
- As casas de banho são alvo de inúmeras queixas, com relatos de falta de limpeza, manutenção deficiente e condições de higiene comprometidas;
- Problemas de climatização afetam a qualidade das aulas, com queixas recorrentes de frio no inverno e calor no verão;
- A falta de tomadas, o acesso deficiente à internet e a escassez de espaços de estudo e convívio foram apontados como entraves à qualidade da experiência académica;
- Há preocupações sérias de acessibilidade, especialmente relacionadas com o mau funcionamento de elevadores e a inadequação de algumas estruturas para estudantes com mobilidade reduzida.
Casos críticos identificados:
- Escola Superior de Dança (ESD): continua sem edifício próprio, funcionando em instalações provisórias no ISEL, com estúdios inadequados e falta de equipamentos para a prática da dança;
- Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC): enfrenta infiltrações crónicas, presença de bolor, cheiro a urina e problemas de segurança que comprometem o bem-estar dos estudantes;
- Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa (ISCAL): estudantes apelam à construção de um novo edifício, denunciando condições profundamente degradadas;
- Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL): relatórios incluem infiltrações até em edifícios recentes, casas de banho entupidas e equipamentos obsoletos.
Recomendações da FAIPL:
A FAIPL propõe um conjunto de recomendações urgentes e estratégicas às direções das escolas e à Presidência do IPL, entre as quais:
- Implementação de um plano de manutenção e requalificação de infraestruturas;
- Renovação completa das casas de banho e garantia de condições básicas de higiene;
- Investimento em sistemas de climatização, rede elétrica e internet fiável;
- Criação de espaços de estudo e convívio adaptados às necessidades dos estudantes;
- Construção de novas infraestruturas, nomeadamente um edifício próprio para a ESD e ISCAL;
- Estabelecimento de mecanismos permanentes de auscultação dos estudantes para acompanhamento das melhorias.
Para Jaden Gomes, Presidente da FAIPL, este estudo “é um grito coletivo por dignidade e por uma resposta urgente às necessidades reais dos estudantes do IPL”.
“Estes dados são mais do que números, são retratos de frustração, de cansaço e, sobretudo, de uma vontade de ver o ensino superior tratado com a seriedade que merece. A FAIPL assume o compromisso de levar este estudo a todas as instâncias institucionais, não como denúncia, mas como ponto de partida para soluções concretas. Os estudantes não querem apenas ser ouvidos, querem mudanças.”
